No corredor, à entrada da sala, encobtro duas alunas minhas na risota muito divertidas e abracadinhas uma à outra. Assim que me viram, chamam-me (não posso "aparecer" em público que é só chamados de "teacher" por todos os lado), e dizem-me:
- Ó teacher a M1. quer ser gay com a M2. ... - diz-me a M3. muito alegre.
Eu, fingindo não ter percebido bem e querendo ter mesmo a certeza daquilo que tinha ouvido, perguntei:
- O quê, não percebi nada...
Elas repetiram a mesma frase. Novamente fiz-me de desentendida, pois queria saber se elas sabiam o significado do que estavam a dizer:
- O que é que isso quer dizer?
- Ó teacher quer dizer que a M1 quer ser namorada com a M2... gay... mas na brincadeira...
- Ah - esboço um sorriso de quem já entendeu tudo, finalmente - assim já percebi! Então e se forem dois rapazes a namorar?
Respondem-me elas em uníssono:
- Também são gays...
Nisto, viraram-me as costas e seguiram o seu caminho, abracadinhas, felizes e contentes.
Achei piada ao facto de elas ainda não terem interiorizado o preconceito. E elas realmente sabiam do que estavam a falar. As mentalidades começam a mudar. Todos diferentes, todos iguais.
Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.
Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.
E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.
O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.
E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.
Este dia é um dia muito especial. Não por ser o Dia dos Namorados, excelentemente inventado por um visionário do sector comercial e económico, para fomentar o gasto de mais uns euros, não.
Costumo dizer aos meus alunos, depois de explicar a história do dia de São Valentim e falar nas diversas tradições existentes pelo mundo, que este dia é o dia das pessoas que nós gostamos e com quem nos preocupamos. Se queremos oferecer um presente, podemos fazer um cartão, comprar uma flor singela ou simplesmente escrever um pequeno bilhete ou carta, expressando o quanto se gosta dessas pessoas.
Chega de ursinhos fofinhos, bonequinhos com corações e boxers com anjinhos. Todos temos capacidade de inovação e de criatividade. Os presentes personalizados são os mais apreciados.
Por isso, deixo aqui um desafio: vamos celebrar este dia expressando o nosso amor por aqueles que gostamos. Vamos escrever algo bonito só pra eles. Que tal? Quem aceitar este desafio dpois diga alguma coisinha!
Eu já tenho o meu material na forja!...
P.S. – Se alguém quiser contar amanhã para não estragar a surpresa de hoje… pode e deve fazê-lo!
Não sei se já vos disse mas o N. é um rapaz muito prendado, daqueles que sabe fazer comida, bricolage, arranjar máquinas e ainda mais algumas coisinhas. Só falta aprender a fazer tricot e crochet mas ainda não perdi a esperança…
Também já perceberam que eu gosto muito de o picar e fazer o que eu chamo “maldades de amor” (Ihihihih!).
Ora estava o homem dos sete ofícios à volta do fogão a fazer o nosso jantarinho, quando eu venho da sala e passo por trás dele. Todos sabem que quando estamos a escrever no computador ficamos com os dedos iguais a pedras de gelo. E eu tinha estado a comentar e a responder aos vossos comentários quando decido ir ajudar o N. com o jantar.
Mas não resisti. Desculpem mas não resisto a fazer umas traquinices.
Estava o senhor N. muito entretido de garfo na mão a mexer na comida quando eu o abraço por trás. É claro que isto tinha água no bico. Subrepticiamente enfiei um dedo congelado por baixo da camisola dele e encostei-lho à barriga.
Deviam ter visto o salto que ele deu! E a rapidez com que reagiu a querer espetar-me o garfo no rabo?! Ainda vi o caso mal parado… Fugi dali e tentei refugiar-me na casota do Pimentinha mas não cabia, como é óbvio.
Acabámos a rir-nos que nem uns malucos do cómico da situação. Eu já não me ria tanto há imenso tempo. Fez-me tão bem. Tenho que voltar a fazer das minhas. Mas a ver se desta vez ele não tem um garfo na mão, senão espeta-mo mesmo!
Depois lá fico eu com um andar novo! Quem me manda a mim meter-me com pessoas perigosas?!